sexta-feira, 4 de maio de 2012

10 Filmes sobre Educação

10 Filmes sobre Educação
Filmes sobre educação, ensino, relação aluno x professor etc. Listo abaixo 10 filmes relacionados a todo esse ambiente que me fascina.
1) Sociedade dos Poetas Mortos (The Dead Poet Society, 1989)
 
2) Ao mestre com Carinho (To Sir, With Love, 1967)
3) Mentes Perigosas (Dangerous Minds, 1995)
4) Genio Indomavel (Good Will Hunting, 1997)
5) Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, 2001)
6) Mr. Holland – Adoravel Professor (Mr. Holland´s Oppus, 1995)
7) Patch Adams – O Amor é Contagioso (Patch Adams, 1998)
8) Encontrando Forrester (Finding Forrester, 2000)
9)O Clube do Imperador (The Emperor´s Club, 2002)
10) Escritores de liberdade (Freedom Writers, 2007)

Uso de filmes na escola


É inegável a necessidade de integrar diferentes linguagens nas aulas em todos os níveis de ensino. Nesse contexto, filmes são recursos que mais facilmente são incorporados à rotina escolar. No entanto, faz-se necessária a reflexão: que estamos fazendo com eles?
O cinema e a TV são dotados de linguagem própria e compreendê-los vai além da simples apreciação de imagens e sons, assim como ler é mais do que decodificar palavras.
Desse ponto de vista, não basta levar os alunos ao cinema como um passeio, ou apresentar um vídeo para substituir a fala do professor sobre um determinado assunto. É preciso propor a leitura reflexiva desses meios, em um determinado contexto, com sua linguagem peculiar, sua manifestação cultural, bem como possibilitar o espaço da criação usando essa linguagem, extrapolando o papel passivo da recepção da imagem e do som. Soma-se a isso a possibilidade de criar o diálogo entre as diferentes mídias, comparando-se características e informações obtidas em cada uma delas. É preciso educar para se viver a ( e na) Sociedade da Informação, com toda a sua gama de produção cultural.
Somente a prática reflexiva traz novas perspectivas aos processos educativos. Nós educadores precisamos constantemente buscar referenciais, discutir práticas, propor novas reflexões. Espaços de interação voltados aos educadores são caminhos importantes nessa busca reflexiva.
Eliane Candida Pereira

Cinema e a sala de aula: um caminho para a formação

Beatriz Nunes Santos e Silva[*]

Este estudo representa uma reflexão que surgiu de discussões da disciplina Temas Específicos em Teorias e Práticas da Educação Superior, que trouxe o cinema como momento de formação, assim, debater como este meio de comunicação pode ajudar, a ampliar e avançar na formação cultural do professor. A proposta surgiu com a análise de um filme, em sua possibilidade de intervenção e auxílio na construção do conhecimento, utilizando-se também, do diálogo com autores que discutem sobre o tema. Procurou-se, também, enfocar a voz dos alunos com suas observações e, finalmente, a (re)construção do saber.
Estamos no século XXI, e a era da informação é um fato consumado, a cada dia os homens estão mais atentos aos fatos. É preciso, assim, pensar sobre como tem acontecido a elaboração do conhecimento, uma vez que, a todo o momento e em diferentes espaços (escola, família, clubes, igrejas), a mídia tem exercido influência no processo de formação humana. Neste sentido, Duarte (2004, p.213) observa que, hoje, a educação a ser oferecida exige novos pressupostos, entre eles, aquele que admite produção e a difusão de conhecimentos por textos compostos em imagem-som e que possam ter legitimidade, confiabilidade e valor epistemológico como de outras fontes. 
Desse modo, a escola e seus profissionais precisam repensar suas ações pedagógicas, uma vez que as crianças, desde a hora em que se levantam, estão em contato direto com as mais diferentes fontes de informação: rádio, televisão, internet (seja em casa ou lan house), vêem novelas, assistem a noticiários, jogam vídeo games, enfim, operam com as diversas formas, têm opinião as mais diversas sobre os mais diferentes assuntos e, ao chegarem à escola, estão ansiosos para discutir e dar opiniões, mas esta muitas vezes, não se encontra preparada para lidar com essa realidade. Porém, nem sempre, o colégio se encontra aparelhado para atender à curiosidade dos alunos.
Sabe-se que, por séculos, só os mestres tinham acesso à informação, somente eles podiam transmitir o conhecimento, mas, hoje, vivemos em uma sociedade em rede, ouvinte, imagética. Houve difusão de novas tecnologias e ambientes virtuais de aprendizagem, por isso, a necessidade de discutir outras possibilidades de elaboração cognitiva. O mundo mudou, estamos em um momento em que precisamos ter uma nova relação com as idéias e promover discussões sobre a educação. Utilizar-se do cinema pode ser um dos caminhos de reflexão crítica do pensamento em construção. Por exemplo, o modo de vestir das crianças e jovens, expressões deste ou daquele personagem que viram na TV e repetem sem parar, estas e outras situações como a própria “Escola Múltipla Escolha” (Programa Malhação da TV) as quais exerce inspiração direta nas atitudes dos homens de hoje, que dirá dos estudantes.
O professor, como um dos grandes mediadores do conhecimento, precisa compreender a dimensão de sua responsabilidade ao veicular, com palavras, imagens e gestos, assim, trazer para a sala de aula discussões de filmes, propagandas, e-mails e outras fontes de comunicação audiovisual, o que pode ser mais um recurso para articular a ação pedagógica, o conteúdo e os novos apontamentos cognitivos.
 O cinema, como um desses meios de comunicação, pode auxiliar os alunos a expor suas idéias, seus conflitos e, então, organizar valores para a própria formação humana. Morin (2006) aponta que o cinema apresenta uma “linguagem poética e literária que nos leva diretamente ao caráter mais original da condição humana, pois, como disse Yves Bonnefoy, são as palavras, com seu poder de antecipação, que nos distinguem da condição animal (p.43)”. Já o estudioso Lopes (2004, p.191) observa que a imagem cinematográfica impôs-se como meio de comunicação por excelência nos mais variados planos de vida social, uma vez que, hoje, todos podem ter acesso a essa mídia.  
À medida que se propõe uma temática, surgem questionamentos diversos, princípios se afloram com maior liberdade e naturalidade, criando um ambiente de troca de experiências, desenvolvimento de processos educativos e, também, de competências e habilidades que educam nossa inteligência. Trabalhar com o cinema é viabilizar o encontro da cultura, da estética, do lazer, da ideologia, dos valores sociais, enfim, de reflexão do passado e do presente, confundindo-se no cotidiano das pessoas.
A visão cinematográfica, como formação, reforça a perspectiva educativa das discussões sobre temas polêmicos, de dimensões que fazem ponte entre a emoção e a razão. O professor, por meio de bons filmes, pode relacionar vida, cultura, realidade, fantasia e motivação. Hoje, diversificar as aulas é primordial para avançar em nossa reflexão crítica. Neste sentido, o cinema procura um impacto ao agregar a possibilidade de desenvolver múltiplas inteligências, que, segundo estudos de Gardner (1994), é uma forma de trabalhar o conhecimento de forma cada vez mais integrada, compartilhada e sensível, uma vez que “(...) não investiga a construção da inteligência enquanto processo, mas destaca o acabamento e as diversas gêneses possíveis para a expressão inteligente” (apud Paggotti, 2005, p.21).
Portanto, cinema, saber e formação compõem uma tríade que configura a presença de múltiplos olhares para a construção de uma perspectiva de educação significativa, em que ciência, prazer e emoção misturam na construção de magia, memórias e verdades. Ligar a cultura sistematizada no âmbito escolar à prática reflexiva do professor, à arte, à literatura, e ao processo ensino-aprendizagem, de maneira motivadora, introspectiva e prazerosa, com certeza, fará emergir um trabalho carregado de valores que se projetam no repensar de concepções de mundo e educação.
Morin (2006, p.44), em seu livro A Cabeça Bem-Feita, observa que o século XXI é o século da imagem, assim, segundo o autor, o romance e o cinema nos oferecem o que é invisível nas ciências humanas, pois estas ocultam ou dissolvem os caracteres existenciais, subjetivos, afetivos do ser humano. O filme e o romance, por sua vez, põem à mostra as relações do ser humano com o outro, com a sociedade e com o mundo. Trabalhar com o cinema é considerar uma “nova- velha” linguagem, que viabiliza a comunicação de diferentes saberes (curriculares, disciplinares, experienciais, cinematográfico), que terminam por ser interligados. Assim sendo, diminui-se o reducionismo instalado na sociedade, que tem afastado o ser humano de uma visão geral dos fatos que acontecem na vida, impedindo-o da busca de um ensino contextualizado.
Duarte (2002) menciona que a arte cinematográfica exige entendimento:
Diferente da escrita, cuja compreensão pressupõe domínio pleno de códigos e estruturas gramaticais convencionados.A linguagem do cinema está ao alcance de todos e não precisa ser ensinada, sobretudo em comunidades audiovisuais...(...) Mas isso não significa que devamos deixar o conhecimento da gramática cinematográfica para os especialistas. Ao contrário, conhecer os sistemas significadores de que o cinema se utiliza para dar sentido às suas narrativas aprimora nossa competência para ver e nos permite usufruir melhor e mais prazerosamente a experiência com filmes. (p.38).
A importância dessa vivência ultrapassa o fascínio pela imagem, por utilizar-se da diversidade de suas mensagens, do estreitar de relações, por difundir representações e (re)-construir intervenções que venham anunciar ações futuras. Quando o professor traz novas interlocuções com as idéias, procurando integrar, de forma criativa e inovadora, os diferentes espaços dentro da sala de aula, trazendo a oralidade, a escrita, o audiovisual e a ilustração, tem-se a possibilidade de mostrar um conteúdo que pode e deve ser reelaborado, flexibilizando no currículo uma aprendizagem também, virtual.
Em contrapartida, os alunos têm reclamado do tédio das aulas, de professores que ficam horas e horas falando, que planejam aulas apenas recorrendo a leitura de textos que, muitas vezes, não conseguem interligar com a vida profissional e pessoal. Assim, o cinema pode ser uma ferramenta na fala do professor e na relação dos textos com o cotidiano das pessoas.
É preciso ver, na sala de aula, um lócus privilegiado, um ponto de partida em que se discutem todas as dimensões interferentes da existência humana, e, dentre elas, o cinema, mas, para isto, a escola e a educação, necessitam entendê-lo e utilizar-se desta inovação como colaboradora e não como algo que faça com que a ação do professor se torne obsoleta. Hoje, perguntas inquietam a escola. O que é preciso para ter uma educação de qualidade? O que fazer para que a sala de aula seja ambiente prazeroso e de qualidade? Será o cinema o grande trunfo?
O cinema não é algo novo, mas, o que se pretende é popularizar o seu uso e não deixar que o seu acesso, principalmente, em ambientes públicos, seja restrito a um grupo de pessoas. Fato que temos presenciado, quando observamos o monopólio de redes, tornando difícil a sua acessibilidade para pessoas com menor condição social. É urgente rever esta situação.
A escola, em contrapartida, ao conhecer a riqueza da linguagem do cinema e aproveitar-se de forma inteligente, da sua dinâmica de envolvimento, profundidade, criticidade da realidade e investigação científica, demonstra, como aponta Paulo Freire (1996, p.36), que ensinar exige decência e boniteza, é preciso dar às artes, também, a oportunidade de promover a transformação da curiosidade ingênua em epistemológica.
O filme pelo filme não conduz à aprendizagem, esse não pode substituir o professor, mas, sim, auxiliá-lo e ampliar a capacidade de entrelaçar temas no espaço e no tempo, viabilizando interpretar o saber escolar e o saber do mundo.
Trazer para a sala de aula esse meio de comunicação como forma de questionamentos de códigos é mais uma ferramenta que permite aos educandos posicionar-se ideologicamente, exigindo do professor estar atento a um constante diálogo com outras culturas, ao contexto sócio-político, econômico, enfim, estar sempre atualizado. Não pode ser um docente que trace monólogos, ele precisa dar voz aos diferentes sujeitos, que se inter-relacionam ao assistir a um filme. A discussão inicia-se com o seu diretor, com sua visão de mundo, suas concepções, assim como entender o período sócio-político em que se passa a história. É preciso, também, pensar a temática, trazendo o pensamento de autores que abordem sobre o problema, não se esquecendo de imprimir os conhecimentos e valores que traz como docente, como também as concepções que o aluno traz em sua bagagem de informação. Trabalhar a expectativa do aluno, estabelecendo pontes pedagógicas de formação é, como aponta Napolitano (2003).
Ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte (p.12).
Harmonizar a relação de ensino-aprendizagem, sociedade e mídia é, hoje, o grande desafio. Vivemos em uma sociedade de ritmo acelerado, em que as imagens e seus reflexos têm gerado efeitos positivos e negativos, uma vez que explora em profusão o lado emocional das pessoas. Viabilizar, assim, discussões educativas que se unam à afetividade e à razão pode possibilitar caminhos de apoio à formação do pensamento humano e científico. Almeida (2001, p.48) explica ser importante usara o cinema na educação:
(...) porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vívido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados, muitas vezes já deteriorados, defasados (...) (apud. Napolitano, 2003, p.12)
Um bom exemplo de como trabalhar a mensagem contida na arte cinematográfica é a película Morangos Silvestres, do diretor Ingmar Bergman. É um belíssimo filme sobre o tempo, a memória e o reencontro, que explora a vida e a morte de um médico e professor aposentado. Sonhos, devaneios, flashbacks conduzem-no a um mergulho no inconsciente, fazendo-o perceber que seu temperamento áspero e distante impossibilita o envolvimento afetivo com familiares e amigos, protegendo-o do sofrimento e, por outro lado, isolando-o. A constatação da velhice e solidão traz a presença iminente da morte, incitando-o a repensar sua vida durante o percurso que faz até cidade de Lund. O desencadeador dessa viagem introspectiva é o sonho que teve na noite anterior à partida para Lund, onde irá receber uma homenagem com o título honorário da Universidade. O filme retrata a presença de um professor distante da realidade, que preferiu isolar-se por ter dificuldades de estabelecer relações interpessoais. Mostra-nos um “homem-professor” com suas marcas e conflitos, a influência familiar na sua personalidade, mas, ao mesmo tempo, nos leva ao resgate que, muitas vezes, precisamos fazer de nós mesmos.
Diante desse filme, que questões podem ser concernentes à formação? Como utilizá-lo na educação? Mesmo não sendo o professor um crítico de cinema, é possível incorporar projetos escolares de forma significativa na sistematização da educação? 
Vejamos alguns pontos que podemos abordar em sala de aula. O que desencadeia a viagem introspectiva do médico? Qual o perfil desse professor? Como nós professores, temos estimulado a viagem da aprendizagem de nossos alunos? No filme, quem é Sara na vida do professor? Quem somos nós na vida de nossos alunos? O que é o caixão, o relógio sem ponteiro, o homem oco que se esvai no chão?  Somos vida ou morte no processo de formação de nossos alunos? O que é importante nas relações interpessoais para que aconteça um mergulho de uma formação mais humanitária? Qual a dimensão filosófica, sociológica e psicológica dos personagens e as relações entre eles? O que é ser professor, já velho, em final de carreira e que faz o balanço de sua vida, tanto amorosa como profissional?
Todas essas perguntas expressam aspectos esclarecedores e reflexivos, que conduzem à possibilidade de trabalho interdisciplinar e transdisciplinar, uma vez que propiciam inquietações pessoais tão fundamentais aos alunos e professores, mostrando mais um caminho de autonomia e potencialização do saber. Todavia o uso do filme não pode ser banalizado em nossas ações, para que não se torne uma ação de deslumbramento, simplesmente para deixar o tempo passar e “escamotear” as aulas.
Ampliar as nossas capacidades cognitivas é um dos desafios que o cinema vem colocar em ação. Quando perguntamos qual o uso possível deste ou daquele filme dentro da nossa disciplina ou num trabalho interdisciplinar, aumentamos as nossas próprias indagações, pois colocamos em “xeque” a nossa competência de ver e, assim, acontece uma postura de reflexão sobre nossa atuação, postura esta, tão recorrente nos dias atuais.
Quando o professor consegue integrar investigações em sua postura docente, valoriza, sobretudo, a sua postura pedagógica, principalmente por unir conhecimento científico, práticas individuais e coletivas a uma proposta que vislumbre “ciência para a vida”. Repensar, então, o papel do professor, do aluno e da escola por meio do cinema é “uma prática social tão importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das pessoas, quanto a leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais”. (Duarte, 2002, p.17).
O filme Morangos Silvestres é apenas um referencial de como trabalhar com a formação, demonstrando como envolver cada vez mais os protagonistas da educação: alunos e professores.
Dessa forma, se a educação precisa vivenciar novas intervenções de aprendizagem que tragam prazer, alegria e conhecimento para o interior da escola, fica aqui uma pergunta que precisa ecoar. Por que não em incluirmos no currículo esse recurso de aprendizagem tão prazeroso?  

Manhã de 12 de outubro de 1492. Depois de dias navegando em alto-mar, as naus de Cristóvão Colombo chegam às terras americanas. A expressão no rosto dos marinheiros é marcante: alegria, euforia e alívio se misturam com suor e cansaço. Bandeiras amarelas e vermelhas - as cores da coroa espanhola - são asteadas e balançam ao vento, enquanto os homens se jogam na praia. Colombo, exausto, pisa triunfante na areia até cair de joelhos, e olha para o céu. A trilha sonora arrepia e completa a cena épica.

Qual a diferença entre uma aula de História que utiliza o filme 1492 - A Conquista do Paraíso, do diretor inglês Ridley Scott, para tratar do descobrimento da América e outra que descreve o fato apenas de forma expositiva? A primeira opção é muito mais interessante para os alunos, mas a garantia de que eles aprenderão o conteúdo depende da maneira como o professor aproveita o filme. A exibição de filmes em classe pode ser um momento de crítica e aprofundamento do tema ou uma simples sessão da tarde, pura diversão para a turma. "As imagens não podem ser utilizadas como ilustração de uma aula e muito menos substituir o discurso do professor. Quando isso acontece, a informação cai no vazio, os alunos não aprendem nada e se perde uma oportunidade maravilhosa de ensinar", afirma Gerson Egas Severo, professor de História da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), de Erechim (RS).

Não se trata de pôr em segundo plano a leitura e a escrita, mas de incorporar um meio que facilita muito a aprendizagem e coloca o aluno em contato com uma nova maneira de pensar e entender a história.

Cinema só têm sentido no ensino com a intervenção do professor


A imagem é hoje um dos mais importantes meios de comunicação e é inegável que a tecnologia vem provocando alterações nas formas de pensamento e de expressão. Basta pensar na influência da TV na vida atual. Nas décadas de 1950 e 1960, o pensador Célestin Freinet (1896-1966) já discutia a necessidade de o professor reconhecer e utilizar esses recursos: "A desordem cultural persistirá enquanto a escola pretender educar as crianças com instrumentos e sistemas que tiveram validade há 50 anos. (...) Subsistirão as lições, os braços cruzados, as memorizações, enquanto fora da escola haverá uma avalanche de imagens e de cinema".

Para o professor Severo, que estudou o potencial educativo dos filmes, é primordial aproveitar os meios visuais
— marca do século 20 — para dar sentido aos conteúdos de História. "Nenhuma imagem fala por si só. Para que ela seja realmente útil na aprendizagem, é essencial a intervenção do professor", explica. Isso vale não só para o cinema mas também para a TV e os computadores.

O professor de História Alex Rufino tem consciência da importância de educar os alunos na linguagem audiovisual, enquanto explora os conteúdos de História. Lecionando na periferia, na Escola Estadual Presidente Médice, em Cuiabá, percebeu que seus alunos tinham pouca oportunidade de ir ao cinema. Há quatro anos, o professor teve a idéia de implantar o projeto Cinescola para resolver essa carência e melhorar o desempenho dos alunos de 8ª série e Ensino Médio em sua disciplina. Mas não foi fácil, pois a escola só tinha uma TV e um videocassete antigos. Alex conseguiu a parceria da secretaria de educação do Mato Grosso, que cedeu um telão, e o apoio de locadoras para não ter custo no aluguel das fitas. A exibição dos filmes acontecia sempre aos finais de semana para toda a comunidade. Um dos resultados do projeto foi a diminuição da violência na escola. "É um trabalho duro, mas muito compensador. Os alunos passaram a assistir aos filmes com outros olhos e a aprendizagem deu um salto. Eles gostam de História!", explica. Em 2003, o Cinescola ganhou prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como experiência inovadora em educação.
Se um filme fosse feito pelos índios, Colombo seria herói ou vilão?
Será que a chegada de Cristóvão Colombo às terras americanas foi asssim tão triunfal, como conta o filme do diretor Ridley Scott? Quantos homens, de fato, participaram dessa expedição marítima? Será verdade que Colombo teve um relacionamento íntimo com a rainha Isabel da Espanha, como sugere essa história? O lugar em que foram rodadas as cenas é o mesmo onde aportou o aventureiro?

O primeiro ponto a se levantar em uma aula de História é que tanto os filmes quanto os documentos são representações da realidade. O filme é uma visão particular do roteirista e do diretor, que se baseiam em fatos históricos. Para isso, selecionaram e interpretaram as informações que quiseram. O mesmo se dá na escolha e edição das cenas. Os sons e as imagens têm exatamente essa finalidade
— criar a sensação de que estamos assistindo algo verdadeiro. Basta imaginar como seria uma grande produção cinematográfica do ponto de vista dos índios. Colombo seria retratado como herói ou vilão?

"Mesmo não tendo comprometimento com a realidade, um filme de ficção pode refletir de forma imediata a mentalidade de um povo, seus valores e comportamentos", explica Antônio Reis Júnior, professor de História e coordenador do projeto de cinema e educação da organização não-governamental (ONG) Ação Educativa, em São Paulo. O mesmo acontece com os documentários, um gênero perfeito para as aulas de História de turmas de 5ª a 8ª série. Apesar de parecerem mais fiéis à realidade, os documentários também merecem a mesma análise crítica dos filmes de ficção.

O professor dá uma dica: os curta-metragens são os mais indicados para utilizar em sala de aula devido ao tempo de exibição. O problema é que eles nem sempre estão disponíveis nas lojas. Vale uma pesquisa na locadora mais próxima!

Como aproveitar as fitas no ensino e melhorar o desempenho dos alunos


Há tempos a professora de História Maria Aparecida Pinho Cabral de Medeiros, do Colégio Augusto Laranja, em São Paulo, tem um olhar crítico e atento às possibilidades de uso dos filmes. No ano passado, durante um trimestre, o tema de suas aulas na 7ª série foi a Idade Média. Para começar, Cida, como é conhecida na escola, utilizou o quadro-negro e seus conhecimentos teóricos sobre o assunto para explicar esse período. Mas era preciso uma estratégia de ensino para aumentar o interesse da turma pelas aulas.

Os estudantes pesquisaram na internet, mas ao assistir ao filme de aventura Coração de Cavaleiro, de Brian Helgeland, conheceram mais a fundo como se davam as relações entre o clero, a nobreza e os camponeses. "Os alunos ficaram impressionados com os trajes medievais e descobriram a dureza da vida naquela época. Essa impressão e esse conhecimento só são possíveis com o cinema", conta Cida. Para exibir o filme, que tem 132 minutos, foi preciso que outros professores cedessem suas aulas para a professora. Mas o projeto não parou por aí. Leitura e produção de textos foram explorados em Língua Portuguesa quando os alunos tiveram que produzir contos de cavalaria. Será que um nobre poderia se casar com uma camponesa? Por quê? O que aconteceria com um cavaleiro que discutisse com um padre? Essas questões foram levantadas e pesquisadas em livros para a construção das histórias.

Um filme deve ser exibido na íntegra ou em algumas partes que interessem à aula?


Para Flávio Trovão, professor de História da Faculdades do Brasil (UniBrasil), em Curitiba, um filme não precisa ser passado na íntegra para a classe, apenas quando os alunos pedem. "Há o risco de o professor gastar mais de uma aula com a exibição e o aluno não entender aonde ele queria chegar", conta o professor. Trovão, que tem experiência no Ensino Fundamental, seleciona as cenas mais importantes para o conteúdo que está trabalhando e outras vezes parte do filme para iniciar uma discussão ou um tema novo. Antes da exibição, distribui um roteiro de perguntas que serve para orientar os alunos. Do que trata o filme? Onde se desenvolve a maior parte das cenas? Que cenas mostram conflitos? Qual a mensagem?
Veja algumas dicas de Trovão para preparar a aula:
● Assista ao filme mais de uma vez e veja se é preciso passá-lo na íntegra ou apenas partes selecionadas.

● Observe se existem cenas desapropriadas para a faixa etária dos alunos.

● Deixe claro para a turma que o filme representa um episódio histórico, mas não é a realidade.

● Prepare um roteiro de perguntas e alerte os alunos para perceberem os conflitos, o tema e personagens.

● Deixe claro que o filme na escola é um recurso didático e uma forma de conhecimento, e não mero entretenimento ou uma maneira de "matar a aula".

O cinema no ensino pode ser usado para:

● Iniciar a discussão de um assunto ainda não abordado. Lance uma questão a ser investigada.

● Desenvolver o conteúdo. O aluno deverá perceber o contexto histórico a que o filme se refere, o que ele está mostrando, que fenômenos e fatos são retratados. Nesse caso, o aluno já possui referências sobre o tema.

Em ambas situações, explore a estrutura narrativa e como ela foi desenvolvida no filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário