segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Qual obra seria mais preconceituosa nos dias atuais? STF e seu absurdo poder por baixo de uma toga.

*Ao lermos com calma seguintes obras: Aquarela do Brasil e o livro de Monteiro Lobato – Caçadas de Pedrinho, vamos perceber que a primeira obra deve sair de circulação com extrema urgência?

Se ao lermos uma obra e seus significados para época e suas colocações, veremos que não são preconceituosas, mas se seguirmos os caminhos do STF a obra deve ser descartada na atualidade? Vamos mudar todo contexto literário?

Acredito que nós educadores não precisamos de uma lei que nos diga o que é preconceito racial. Educadores do Brasil sabem que seu papel em sala de aula é de articulador e assim sendo, ensinamos diariamente para aprendizes de diversas maneiras de como podemos e devemos acabar com os pré (conceitos) ou pre-conceitos ou preconceitos impostos para nós através das nossas famílias.

Não, não temos que fazer isto e sim apenas pensarmos, até quando vamos nos agarrarmos em ditames colocados por um pequeno grupo que se aproveita de uma lei mal formulada?

Acredito que legisladores do Brasil deveriam analisar tudo o que aprovam, antes de empurrar para sociedade suas leis ou leis que venham a prestigiar alguns de uma sociedade tão carente de justiça.

Leitores devem buscar o significado das palavras e vamos para um belo exemplo: Meu mulato inzoneiro - Há várias definições para a palavra - entre elas intrigante, mexeriqueiro, mentiroso, sonso –


Explanation:

inzoneiro (adjectivo) = mentiroso; intriguista;



substantivo masculino = aquele que faz inzonas para as crianças;



Inzonas (substantivo feminino) =



1. mentira; intriga;



2. brinquedo com que se enganam crianças;



Dicionário Porto Editora - http://www.proz.com/kudoz/Portuguese/other/1186475-mulato_izoneiro_isoneiro.html

A simples expressão “mulato inzoneiro”, hoje daria cana, até porque mulato vem do espanhol mulato, “macho jovem”, por comparação da geração híbrida do mulato com a do mulo.



Quanto à “morena sestrosa”, enquanto moreno é um eufemismo para um indivíduo de raça negra, sestroso significa ronhoso, teimoso e vem de sinistro ou “esquerdo, que é do lado esquerdo, canhoto, desajeitado”. http://tomauma.blogspot.com.br/2009/05/o-mulato-inzoneiro-da-theresa.html

*Professor – Rogério Antônio Rosa

Aquarela do Brasil

Por Ary Barroso



http://blog-artssi.blogspot.com.br/2009/02/musica-aquarela-toquinho-composicao.html



Brasil


Meu Brasil brasileiro


Meu mulato inzoneiro


Vou cantar-te nos meus versos


Ô Brasil, samba que dá


Bamboleio, que faz gingá


Ô Brasil do meu amor


Terra de Nosso Senhor


Brasil! Brasil!


Prá mim... prá mim...


Ô, abre a cortina do passado


Tira a Mãe Preta do serrado


Bota o Rei Congo no congado


Brasil! Brasil!


Deixa cantar de novo o trovador


À merencória luz da lua


Toda canção do meu amor


Quero ver a “Sá Dona” caminhando


Pelos salões arrastando


O seu vestido rendado


Brasil! Brasil!


Prá mim... prá mim...


Brasil


terra boa e gostosa


Da morena sestrosa


De olhar indiscreto


Ô Brasil, verde que dá


Para o mundo se admirá


Ô Brasil do meu amor


Terra de Nosso Senhor


Brasil! Brasil!


Prá mim... prá mim...


Ô, esse coqueiro que dá côco


Oi, onde amarro a minha rêde


Nas noites claras de luar


Brasil! Brasil!


Ah, ouve essas fontes murmurantes


Aonde eu mato a minha sede


E onde a lua vem brincá


Ah, este Brasil lindo e trigueiro


É o meu Brasil brasileiro


Terra de samba e pandeiro


Brasil! Brasil!


Prá mim... prá mim...

Audiência no STF sobre livro de Lobato não chega a acordo

A audiência de conciliação realizada ontem à noite no Supremo Tribunal Federal para discutir a adoção do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, no Programa Nacional Biblioteca na Escola, do governo federal, trouxe avanços sem chegar a um acordo definitivo.

Em 2010, o livro foi acusado de racismo, sobretudo pelo modo pejorativo como se refere à personagem negra Tia Nastácia.

Convocada pelo ministro Luiz Fux, a negociação envolveu o Ministério da Educação o Instituto de Advocacia Racial, do Rio, e o técnico em gestão educacional Antonio Gomes da Costa Neto.

Há dois anos, um parecer do Conselho Nacional de Educação recomendou a não distribuição da obra por meio do PNBE, alegando que o livro era racista. Por meio de um ato homologatório, o MEC desconsiderou o parecer.

Para o ministério, uma nota explicativa recomendando a contextualização da obra bastaria para a distribuição.

O Iara e Costa Neto entraram com um mandado de segurança para sustar o ato.

Na audiência, o instituto sinalizou que pode desistir de pedir a tal anulação, caso o MEC implemente medidas concretas, como a capacitação de professores sobre o tema, além da veiculação da tal nota explicativa.

O ministério se dispôs a negociar os parâmetros do acordo com o próprio Iara, deixando em aberto uma definição sobre o caso. Haverá um novo encontro entre as partes no próximo dia 25, em Brasília, para discutir o processo de ajustamento.

Caso cheguem a um acordo, seus termos deverão ser apresentados ao ministro Fux, que decidirá se procede.

Caso contrário, o processo será submetido à decisão do plenário do STF.

Em entrevista à Folha, na última segunda-feira, o advogado Humberto Adami, que representa o Iara, declarou que o instituto estava aberto ao diálogo e que a ação tem por objetivo "conter o risco de ver o racismo reintroduzido em sala de aula".

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/65899-audiencia-no-stf-sobre-livro-de-lobato-nao-chega-a-acordo.shtml

"Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender" (Augusto Cury)



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Formandos de universidades federais são dispensados do Enade

A medida vale apenas para os estudantes das universidades federais e foi tomada em função da greve dos professores 
 
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) decidiu dispensar do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) os alunos que colariam grau em agosto de 2012. A medida vale apenas para os estudantes das universidades e institutos federais e foi tomada em função da greve dos professores que vai atrasar a conclusão do semestre letivo e, consequentemente, a conclusão de curso desses alunos.
Os coordenadores de curso que já tenham efetuado a inscrição dos alunos enquadrados nessa situação deverão acessar o sistema do Enade para retirar os nomes. A inscrição no exame é responsabilidade das instituições de ensino e a lista dos inscritos já está disponível na página eletrônica.

Enade
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) é um dos procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e visa o acompanhamento do processo de aprendizagem e do desempenho acadêmico dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação.

A participação no exame é obrigatória e quem não comparece à prova fica sem o diploma.
Em 2012, o Enade avaliará os estudantes dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Design, Direito, Psicologia, Relações Internacionais, Secretariado Executivo, Turismo, Gestão Comercial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing e Processos Gerenciais.

Leia mais:

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Faça o simulado do Enem com gabarito e respostas comentadas

A dois meses do Enem, professores dão dicas para candidatos


A proximidade dos dias 3 e 4 de novembro deve intensificar a maratona de estudos dos candidatos que prestarão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com início previsto para as 13h, horário oficial de Brasília, as quatro provas objetivas terão 45 questões de múltipla escolha cada, mais a redação. Além de calma, o aluno precisa garantir a concentração para responder às questões com segurança.

Faça o simulado do Enem com gabarito e respostas comentadas

No sábado, as provas abordam questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. A duração do exame é de quatro horas e meia, válidas a partir da autorização dos monitores. No segundo dia, domingo, é a vez dos jovens provarem o que sabem sobre Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática, além de explorar sua criatividade e mostrar seus conhecimentos de gramática e prosa na redação. O tempo para realização do exame no segundo dia é mais extenso: cinco horas e trinta minutos.

A seguir, confira dicas de professores para cada uma das provas.

Redação
A produção de texto é um dos fatores de maior peso no Enem. Sempre com uma temática de ordem política ou social, desafia o estudante a defender a delimitação do tema com argumentos que firmem uma unidade textual. Escrever com coesão para evitar a fuga do assunto principal, com letra legível e criatividade é indispensável e facilita a leitura dos corretores. O coordenador de português do cursinho Galois, Rafael Riemma, acredita que um bom posicionamento quanto à proposta é importante. "Caso não exista uma solução social, é preferível que o aluno não fique em cima do muro, e sim tome uma posição", recomenda.

Escrever com precisão e cuidar regências verbais, pontuação, divisão silábica e outros princípios básicos da língua portuguesa é outra dica do professor. Ler jornais e estar atento às atualidades também é importante. Diferentemente de outras provas de redação, o Enem coloca muito claramente em seu manual a questão dos direitos humanos, que devem ser preservados e respeitados ao longo da construção textual. Vale lembrar que o título não é obrigatório.
São considerados erros graves a citação de trechos e frases de outras questões ou textos motivadores do exame, falta de concordância entre o verbo e o sujeito, quebra ou problemas na estrutura do verbo sintática, a falta de clareza ou opinião dividida sobre o tema e a violação dos direitos humanos, que podem fazer o aluno zerar a redação e, consequentemente, ter uma pontuação geral mais baixa.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Dentro de cada prova, há uma divisão silenciosa entre as matérias. Na de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, os componentes curriculares compreendem química, física e biologia. "Fontes de energia é um tema muito recorrente na parte de Física", alerta o coordenador do cursinho Etapa, Marcelo Carvalho. Geralmente exploram conceitos relacionados à potência, consumo em residências e hidroelétricas. Em Química, o tema "queridinho" do Enem nos últimos anos tem sido o ambientalismo. Questões relacionadas ao lixo, às sacolas plásticas, ao efeito estufa e ao meio ambiente devem aparecer na edição deste ano. Na parte que abrange a biologia, a distribuição de assuntos é mais uniforme. Citologia, ecologia e evolução, conteúdos provenientes do Ensino Médio devem estar presentes. Saúde pública, genética, biologia celular também merecem destaque nos estudos.


Matemática e suas Tecnologias
Por ser uma prova extensa, são fundamentais leitura atenta e boa interpretação das perguntas - aparentemente não tão importantes para questões que envolvem números, lógica e operações matemáticas. As questões de matemática do Enem têm começado mais simples e se tornado dificultosas gradualmente ao longo da prova. "Uma estratégia interessante é começar pelas mais fáceis para ganhar tempo", aconselha Carvalho. Nos últimos três anos, a estatística introdutória esteve entre as questões. Saber como resolver médias, medianas, modas e desvios padrão ajudará o aluno. Matérias como análise combinatória e probabilidade, geometria plana e espacial, porcentagem, gráficos, tabelas, devem aparecer também. Saber solucionar problemas que contam determinada situação ou exploram uma história dentro do contexto da questão com sistemas ou equações pode ser necessário.


Ciências Humanas e suas Tecnologias
Com enunciados grandes, as questões de geografia, história, português, literatura e língua estrangeira assustam alunos preocupados com o tempo limite para entregar o caderno de respostas preenchido. Em geografia, será avaliado o potencial do estudante quanto à leitura de mapas, escala, ocupação de cidades, tabelas e gráficos, impactos ambientais, globalização, cartografia, problemas sociais e assuntos atuais, como o caso Belo Monte. O mundo contemporâneo deve ser compreendido e estudado em história. Nas provas anteriores, apareceu entremeado à filosofia e sociologia. Brasil República, Era Vargas, Guerras Mundiais, Idade Média, Guerra Fria, Liberalismo e Escravidão no Brasil são assuntos que já estiveram presentes na prova e devem desafiar os participantes de 2012.


Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Toda atenção é pouca para essas questões. Envolvem conteúdos aprendidos em português, língua estrangeira, literatura e artes. Interpretações de texto, gramática, morfologia, sintaxe e fonética serão avaliados no teste de português. Com menor número de perguntas, é uma boa aposta para quem quer aumentar sua nota final. Textos com tiras de jornais ou quadrinhos e enunciados em português aparecem nas questões que compreendem a língua estrangeira, o que facilita para os estudantes. As estéticas literárias (Romantismo, Barroco, Arcadismo, Parnasianismo etc), assim como Modernismo e tendências contemporâneas fazem parte da prova de literatura.


Recupere provas anteriores
Quanto ao comportamento dos jovens que prestarão o Enem, nesses dois meses que antecedem o teste, é importante treinar com as provas dos anos anteriores para conhecer melhor o modelo e testar o tempo de resolução. "É como uma grande maratona. O aluno deve estar preparado física e mentalmente para aguentar o longo tempo de prova", ressalta Carvalho. Manter uma alimentação equilibrada nos dias próximos às provas, manter a calma diante dos enunciados, levar água e um lanche leve e não esquecer da caneta esferográfica de cor preta são outras dicas para o final de semana decisivo.


http://noticias.terra.com.br/educacao/enem/noticias/0,,OI6126443-EI8398,00-A+dois+meses+do+Enem+professores+dao+dicas+para+candidatos.html

Escola britânica pode isolar aluna por usar sapatos "incorretos" - Qual sua opinião sobre o fato relatado?

Keeley Skov usa sapatos diferentes por sofrer de tendinite no pé. Foto: The Grosby Group Keeley Skov usa sapatos diferentes por sofrer de tendinite no pé
Foto: The Grosby Group

* Professor Rogério - Qual sua opinião sobre o fato relatado abaixo?
Uma britânica de 13 anos foi repreendida na escola por usar sapatos de cores erradas. Keeley Skov tem que usar sapatos diferentes por sofrer de tendinite no pé, e a instituição disse que ela será isolada se não usar os sapatos "corretos".

Keeley usa suportes para o tendão de Aquiles e palmilhas ortopédicas em razão de sua condição, que causa dores crônicas. Os apoios não entram nos sapatos padrão da escola, então, ela usa tênis preto e branco. Mesmo assim, a Wilnecote High School, em Tamworth, na Inglaterra, disse que ela deve usar os sapatos regulares - ainda que a menina tenha uma nota médica explicando a situação.

Segundo a mãe da menina, Carrie Skov, a escola não vai aceitar a carta e disse que manterá a aluna isolada até que ela use sapatos pretos e lisos. A mãe conta que Keeley é uma menina tímida, que se esforça nos estudos e que ficou arrasada com o ocorrido. "Ela chorou muito. Um professor disse que ela ficaria isolada até usar os sapatos corretos e que eles não aceitariam a carta do hospital. Eu quero um pedido de desculpas por ela ter sido tratada assim. Há uma razão médica para ela usar esses tênis, e eu dei evidências médicas disso ", conta.

O diretor, Stuart Tonks, afirma que os alunos receberam cartas lembrando-os da rígida política de uniformes da escola, e os pais foram relembrados disto na semana passada. "Wilnecote está reforçando sua política de uniformes no início do ano escolar, e os sapatos devem ser pretos. Keeley estava na escola com um tênis preto e branco. Ela tem razões médicas para usá-los e nós entendemos isso. Nós queremos trabalhar com a família para ajudá-la a se adaptar à nossa política", diz o diretor.

Audiência sobre livro de Monteiro Lobato termina sem acordo

Autores da ação contra Caçadas de Pedrinho e representantes do Ministério da Educação vão ter nova reunião dia 25 de setembro para definir propostas concretas de conciliação

* Professor Rogério - Onde vamos parar se todas obras clássicas forem alteradas por questões que acham que afeta a Etnia Negra? Sou negro e não vejo na obra de Monteiro Lobato, o caos como autores da ação estão praticando é um ato desnecessário.
Acredito que isto só venha aumentar ainda mais o racismo, preconceitos até então quase adormecidos e agora reacendidos pelos autores da ação.
Não podemos ser uma sociedade cega, onde o jogo em questão não é bem o que autores estão propondo e como disse um grande amigo: Nada do que fizerem vai reparar o estrago da escravidão, dos chicotes, dos assassinatos contra sociedade negra, porém não podemos ficar nos lamentando pela eternidade. Mas podemos mostrar ao mundo, que enquanto negros somos guerreiros e chegaremos ao topo com nossos esforços. Uma lei não transforma pessoas, mas pessoas transformam uma lei.

A audiência de conciliação entre representantes do Ministério da Educação, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e os autores da ação contra o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, terminou sem acordo. Marcada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux para buscar um acordo em relação ao tema, a reunião realizada na noite desta terça-feira durou mais de três horas.
A ação apresentada por Antonio Costa Neto e o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) pedia a suspensão da compra das obras ou a formação e capacitação dos educadores para utilizá-las de forma adequada, além da fixação de nota técnica nos livros. O Ministério da Educação defende que a sugestão de colocar a nota explicativa sobre as ressalvas que devem ser feitas sobre o conteúdo da obra é suficiente.
Durante a audiência, representantes dos dois lados não chegaram a um acordo. Concordaram que é preciso chegar a uma conciliação em relação ao tema, mas ainda vão discutir as propostas. A próxima reunião está marcada para o dia 25 de setembro. De acordo com Humberto Adami, advogado da ação e do Iara, o resultado é positivo. “O assunto depende de mais esforço de conciliação . Mas estamos muito satisfeitos com os procedimentos adotados até aqui e vamos discutir avanços agora”, afirma.
O conteúdo da proposta elaborada pelos autores da ação não chegou a ser discutido. A sugestão deles se concentra em permitir o uso do livro nas escolas desde que os educadores estejam preparados para lidar com temas relacionados ao racismo. Eles querem mudanças curriculares nos cursos que formam professores antes de as obras entrarem na rotina escolar das crianças.
O investimento na formação inicial e continuada dos educadores em temas étnicos-raciais é o principal ponto da proposta de acordo, à qual o iG teve acesso. Neto conta que a proposta foi discutida em dois debates – um realizado pela organização não-governamental Educafro e outro pela seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil – e recebeu contribuições da sociedade civil.
Divulgação
Clássico Caçadas de Pedrinho é alvo de polêmica sobre conteúdo racista
Os autores da ação querem que o MEC garanta recursos para aplicação da lei que inclui a educação étnico-racial dentro das escolas e também nas universidades. Para eles, é importante que, ainda na graduação, os futuros professores tenham uma disciplina obrigatória sobre o tema, que deveria ser incluída nas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de pedagogia e licenciaturas de instituições públicas e privadas.
Com isso, a oferta obrigatória da disciplina faria parte do Sinaes, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. É essa análise que garante às instituições a atividade de cursos e câmpus. As universidades precisam renovar as autorizações de funcionamento de tempos em tempos. Neto acredita que as instituições só obedeceriam a determinação de criar a disciplina caso ela recebesse pontos na avaliação.
O conteúdo de educação e cultura africana e afro-brasileira faria parte também do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), de acordo com a proposta do Iara, nas avaliações das licenciaturas e graduações formadoras de professores. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) também precisaria se envolver no controle, coordenação e avaliação da inclusão do tema nos cursos de graduação e pós. Além disso, as instituições precisariam garantir cursos de atualização e extensão para que os educadores continuassem a formação no tema após deixarem a faculdade.
A polêmica
Em outubro de 2010, o uso do livro de Monteiro Lobato se tornou o centro de uma polêmica sobre as obras literárias que poderiam fazer parte do cotidiano das crianças brasileiras. O Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou um parecer recomendando que os professores tivessem preparo para explicar aos alunos o contexto histórico em que foi produzido, por considerarem que há trechos racistas na história.
A primeira recomendação dos conselheiros (parecer nº 15/2010) era para não distribuir o livro nas escolas. Escritores, professores e fãs saíram em defesa de Monteiro Lobato . Com a polêmica acirrada em torno do tema, o ministro da Educação à época, Fernando Haddad, não aprovou o parecer e o devolveu ao CNE , que então mudou o documento, recomendando que uma nota explicativa – sobre o conteúdo racista de trechos da obra – fizesse parte dos livros.

Imprensa livre é imprensa transparente

Países desenvolvidos são mais transparentes

DE WASHINGTON
DE LONDRES
DE BUENOS AIRES


Nos países desenvolvidos, os chefes de governo têm uma relação mais transparente com a mídia, mas não exatamente menos tensa.

Nos EUA, Barack Obama faz muitos discursos e aparições públicas, mas tem uma relação ambígua com os meios de comunicação.

Por um lado, o governo organiza com certa frequência entrevistas coletivas e concede algumas exclusivas às TVs. Por outro, sua gestão é mais controladora: o fluxo de informações é mais rígido que na era George W. Bush.

Pouca coisa "vaza" para a imprensa fora dos canais oficiais, e jornalistas americanos reclamam das barreiras ao acesso às informações.

Exceções são tratadas como crime, como no escândalo do WikiLeaks, quando documentos do Departamento de Estado foram divulgados. A legislação atribui o crime ao vazador da informação.

No Reino Unido, o primeiro-ministro David Cameron fala bastante com a mídia. Em oito meses, deu entrevistas exclusivas às cinco principais TVs, além de rádios.

Também falou para os jornais de maior circulação. Uma longa conversa sua com o historiador Simon Schama foi publicada pela revista do "Financial Times".

Cameron também concede em média duas pequenas coletivas por mês e vai toda quarta ao Parlamento, onde responde a questões dos deputados por 30 minutos.

Na Argentina o quadro é muito diferente. A presidente Cristina Kirchner está em guerra contra as principais empresas de comunicação.

Ela não concede entrevistas coletivas e costuma driblar a intermediação de jornalistas com pronunciamentos em cadeia nacional e por meio de YouTube e Twitter. Eventualmente fala a meios oficiais ou pró-governo no final de eventos. Há quatro meses, deu uma entrevista à revista alemã "Der Spiegel".

(ANDREA MURTA, VAGUINALDO MARINHEIRO, GUSTAVO HENNEMANN)